sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Não. Não. Não... Nããão! NããÃÃÃOOO!

Definição no Aurélio: advérbio que exprime negação ou recusa.

Na nossa linguagem do dia-a-dia pode ser substituído por: nãm, neim, “no way”, “na na nina nina”, um simples gesto de balançar a cabeça para os dois lados, a mesma ação com o dedo indicador, dentre outras opções.

Mas que ninguém julgue essa palavra pelo seu tamanho “mini” e estado de monossílabo. Aqui, ocorre o exemplo prático do ditado que diz: “nos pequenos frascos estão os grandes perfumes”. Afinal, o poder de um “não” é incomensurável. Um “não” bem pronunciado – digo, expresso com confiança e firmeza- é divisor de águas e define os rumos dos próximos capítulos dessa trajetória que chamamos de VIDA.

Talvez, por ter consciência das possíveis conseqüências de um “não” é que o ser humano possui tanto medo de ouvi-lo. Até porque, chegue ele calmo, tímido, suave (aqueles carregados de pena são tenebrosos!) ou mesmo de forma avassaladora, o “não” costuma ter um efeito colateral não muito agradável (uso aqui de eufemismo gritante!) em quem o escuta e pede, normalmente, uma mudança de atitude imediata e sofrida (mesmo que em diferentes graus). Não posso me esquecer de citar, ainda, aqueles constrangedores “nãos” ditos por uma multidão em uníssono (dá até arrepios só de imaginar a cena. Cruzes!).

Aí, você que lê esse tratado sobre um advérbio tão impactante pára agora e diz um “não” para mim. Podia um post ser mais interativo? :o) Em seguida fala: “Não, Ticiana, você está equivocada. Nem sempre um “não” significa opressão. Nem sempre ele é encarado de um modo problemático e nem sempre leva à dor e a conseqüências negativas”. Aí, continua sua análise, já empolgado com seus próprios pareceres: “veja o que ocorre nesse momento. Você acabou de se alegrar (ao contrário de se entristecer ou se ressentir) com o “não” que te dei, já que, como mesmo afirmou, a minha opinião deixou o seu post ‘mais interativo’. Certo? Além do mais, o meu ‘não’ e sua posterior justificativa agiram como um enriquecimento aos seus pensamentos sobre a própria palavra ‘não’, o que torna o meu ‘não’ um ‘não positivo’. Certo de novo?”.

Nessa hora, eu páro, dou um sorriso vagaroso e sincero. Depois respondo sabe o quê? Um "sim". “Sim, querido leitor, você tem razão, mas saiba que em nenhum momento quis diminuir o poder atuante do ‘não’. Na verdade, você que se apressou em defendê-lo, pois eu tinha a intenção de chegar ao ponto de trazer à tona essa outra faceta do nosso advérbio em questão".

O “não” pode até, dependendo dos casos, servir de redenção e alívio. Pensem comigo. Uma adolescente com suspeita de gravidez, temendo que um bebê fora de época mude todo o curso de sua vida, ao ver que o resultado do exame deu “negativo” (ou seja, ao receber um “não”), vai sentir o quê? O bendito alívio. Existem, como esse, vários outros exemplos de um “não bem-vindo”. Um “não” quando se quer saber se vai haver trabalho em pleno feriado; um “não” de um parente indesejável ou maçante ao desmarcar uma visita à sua casa (ele diz: “não vou poder ir”); um “não” em questões comerciais quando você é o beneficiado, do tipo: “para parcelar essa compra não é preciso nenhum valor de entrada”. Poderia passar horas enumerando esses “nãos positivos”...

Mas nada de ilusão. Não sou Poliana e creio que o peso do “não negativo” é maior. Nossa, o tamanho da cratera que fica em um coração quando se ouve: “eu não te amo mais” ou “eu não agüento mais olhar na tua cara” ou ainda “não vai dar certo você ser chamada para realizar algo diferente porque fica muito complicado...”. Essa última frase vocês não precisam tentar compreender. Ela é para ser esquisita mesmo. Foi algo que escutei hoje, resposta de um desejo meu que fiquei sabendo que não se realizará. Desculpem, mas não posso ser mais clara. Nem tudo se coloca em um blog. Termino, acredito eu, com um “não castrador" desse espaço, mas preciso preservar a minha vida. Esse “não” pode ser frustrante também para você, certo, leitor? Perdão, mas às vezes, na verdade muitas vezes, o “não” também se faz necessário...

2 comentários:

  1. Nunca deixe de escrever. Ah! Eu acredito e apoio o seu trabalho, tudo o que vc faz é SIM muito bom! Vc vai chegar lá, minha irmã, mesmo que para isso tenha de receber muitos NÃOS! Em outras palavras: NÃO desista!

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  2. É sim, amiga, o "Não" é uma palavra pro vezes dolorosa de se ouvir e dizer. Tenho muuuita dificuldade de dizê-la, mas sei que é de extrema necessidade. Aprender a conviver com os "inúmeros e indesejados" nãos que surgem na vida é sinal de crescimento e amadurecimento! Assim a gente aprende!

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