Acho que, de alguma maneira, desconfiaram que eu voltaria a trabalhar me sentindo mais ampla e precisando de mais espaço. Quando digo “ampla”, não estou falando dos 2kg que infelizmente andei ganhando quando retornei da Europa, por conta da minha ansiedade de ficar em casa sem fazer nada. Refiro-me ao quanto mais elevada, abrangente e profunda (ou seja, maior em todas as direções) estou após retornar de viagem.
O meu computador novo (fizeram um remanejamento de lugares na Redação durante as minhas férias) possui uma mesa que se alonga bastante para o lado direito. Muito mais do que no meu cantinho anterior. Quando cheguei hoje ao trabalho, era cedo (antes de 8 horas da manhã), a sala estava quase vazia, e tive vontade de me esparramar naquela imensidão de mesa. Talvez para me sentir acolhida de volta.
Mas isso foi apenas um pensamento passageiro. É impressionante como a gente tem mania de reprimir nossas idéias espontâneas. Teria sido legal simplesmente ficar deitada ali um pedacinho... Mas tive vergonha. Pensei: “Vai que alguém aparece e me encontra toda esticada, como um gato preguiçoso?”.
Quando as pessoas começaram a chegar e o expediente engrenou, fui percebendo que aqueles centímetros a mais do meu lado direito não adiantariam de muita coisa. Nem o local inédito para mim, com outros vizinhos de trabalho (com exceção da Ká, sempre maravilhosamente constante), foi capaz de absorver bem essa nova Ticiana que se desenha aos poucos.
Enquanto a mutação se processa em mim, as gavetas do móvel continuam cheias de papel – assim como as havia deixado; e a caixa de emails a me pedir o mesmo tipo de atenção de outrora. Se pelo menos tivesse me esticado um pouco de manhã cedo, poderia ter me sentido melhor...
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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