segunda-feira, 1 de março de 2010

Para o meu menino

São 20h. 23h. 1h. 2h30. 3h. Nunca a hora é a mesma nem a sensação.
Pode ser de dia também. Cedinho. Ou com o sol a pino. Não existem regras.
Me olho no espelho do retrovisor do carro e vejo dois pontos circulares brilhantes. São meus olhos.
Mesmo com o piscar e o repiscar, a luz não se esvai. Ela é absorvida e passa a fazer parte do meu eu interno. Ou será que é reflexo do que vem de dentro?

A música que toca faz eco ao som que vem do coração. Inflamado. É assim que ele está. Mas também satisfeito, seguro, ciente que está sendo bem cuidado.

O telefone toca, e a voz mais manhosa do mundo surge na outra linha. Ele quer me ver. Puxa, coincidência, eu também quero! Parecemos duas crianças que vêem o mar pela primeira vez e, após o assombramento inicial, passam a se esbaldar, brincar, pular e gargalhar.

Volto a ser uma adolescente. "Qual a roupa que visto para ele hoje?". "Será que ele gostaria de ganhar isso?". "Hummm, ai, acho que botei perfume demais"... Toda a preocupação em troca do olhar de deslumbramento que ele tem quando me ver. Mesmo, inclusive, se eu estiver com a minha "maquiagem gótica".

A fome, que já era escassa, torna-se zero. Mas às vezes ele consegue me fazer comer alguma coisa. Puro poder do amor.

Quero o bem dele, tanto, que todo dia rezo a Deus para me dar a graça de enxergar as suas necessidades. De não ultrapassar a sua individualidade. Porque amar é saber também o espaço de um e de outro. Sem esquecer, lógico, de sempre estar ali por ele.

Ele é minha combinação de açúcar e pimenta. :o)